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CONVERSAS COM MEU PAI

Estreou em Junho de 2014 na Oficina Cultural Oswald de Andrade  - São Paulo/ SP

Duração 65 minutos. 

Concepção, direção e performance: Janaina Leite

Texto: Alexandra Dal Farra

Sinopse

Em uma velha caixa de sapatos, Janaina guarda uma infinidade de bilhetes que trazem frases escritas por seu pai, que sofreu uma traqueostomia e perdeu a capacidade da fala. Na mesma época, Janaina descobre que sofre de uma doença degenerativa que a leva a perder parte da audição. Nesse contexto, em silêncio, pai e filha se reencontram. Esse foi o ponto de partida de um work in process de quase sete anos que reuniu uma infinidade de materiais e esboços, na tentativa de dizer o indizível ao enfrentar o delicado tema do incesto.

 

"Vocês estão aqui para... Eu preciso dividir com vocês. É um tipo de segredo. Acho que é um segredo, que eu tenho. Eu precisaria contar agora. Mas eu não sei direito. Porque também tem isso. Eu fiquei querendo contar o segredo, e.... isso também foi parte da coisa. E foi um tipo de processo de cura. Querer contar o segredo, dividir com os outros. Mas só que as coisas ao invés de ficarem mais simples foram ficando mais complicadas, e no meio desse processo, que era um tipo de cura, de repente eu descobri que o segredo talvez nem existisse"

(trecho de "Conversas com meu pai")

 

Histórico

Conversas com meu pai é um desdobramento da pesquisa de Janaina Leite sobre teatro documentário iniciada em 2008 com o experimento Festa de separação: um documentário cênico. A experiência do espetáculo gerou um campo de pesquisa ao qual Janaina Leite passou a se dedicar, tanto na vertente acadêmica, quanto nos domínios da pesquisa prática em suas criações e na orientação de diversos cursos e oficinas. CONVERSAS COM MEU PAI já foi contemplado, em 2012, pelo edital da Sec. Estadual de Cultura Proac de Pesquisa em Artes Cênicas e cumpriu residência na Oficina Cultural Oswald de Andrade realizando aberturas do trabalho em processo. Contemplado também pelo Edital Proac de Criação Literária em 2013 com a proposta de um livro-documentário. Ainda em 2013, foi selecionado pelo Edital de Audiovisual da Sec. Municipal de CCSP para o desenvolvimento do roteiro de um longa-metragem. O trabalho estreou sem apoio em abril de 2014 na Oficina Cultural Oswald de Andrade com ampla repercussão de público e mídia. Foi convidado a integrar a programação do Festival Internacional de Londrina em 2014, realiza temporada no Rio de Janeiro no Espaço SESC e cumpre mais dois meses de temporada no Centro Cultural São Paulo. Participa também do Feverestival em Campinas em 2015 e do circuito Tusp circulando pelas cidades de Bauru, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos. Em 2015, integrou a programação do Festival Internacional de São José do Rio Preto e fez parte do Circuito São Paulo de Cultura. Foi indicado ao prêmio Questão de crítica do Rio de Janeiro nas categorias dramaturgia e cenário e recebeu um dossiê especial na revista Sala Preta (ECA/USP), uma das mais importantes publicações acadêmicas do país. Contemplado pelo Edital Myriam Muniz da Funarte para circulação, passa por Natal, João Pessoa, Recife, Caruaru e Maringá e em 2017, Belo Horizonte e nova temporada em São Paulo. Participou da Mostra Cena Depoimento na Funarte idealizada pela Cia Fragmento de Dança, pela Mostra Solo de Mulheres em comemoração aos 10 anos da Cia Mugunzá e da programação do Sesc Vila Mariana debatendo o real.

Em 2020, foi publicado pela Editora Javali juntamente com Stabat Mater.

Críticas:

"Conversas com meu pai participa do debate da produção artística que recai, em muitos casos, em questões que envolvem o processo de criação. Daniel Sibony (2005) flagra esta mesma questão ao falar que a arte contemporânea revela o artista em criação.  A obra, como  espaço de acontecimento,  transmite o ato de fazer a obra entrar no mundo.  Em alguns casos, a arte contemporânea nos faz questionar as histórias das construções das obras, preservadas nos arquivos dos artistas, mas não só, pois muitas vezes as obras que vemos inviabilizam a segmentação da história de sua construção, e aquilo que é mostrado publicamente."

Cecília Salles, pesquisadora, professora, Revista Sala Preta

 

“Conversas com meu pai” é sobretudo uma obra auto-biográfica, porém não há uma imagem fechada do si. A imagem da pessoa nessa cena não é de uma personalidade estéril. Pelo contrário, ela transforma-se em persona performática. Há qualquer coisa de investimento no encontro com outros, com o outro. Ela mesma diz durante a peça que não é possível encontrar o que é universal em sua história. Há uma história única e uma pessoa única que não se enquadram à normalidade. A pessoa aqui também não apresenta um narcisismo superficial reduzido à sua ação plástica, comum à muitas performances atuais. Em sua vida singular há alguma tentativa de se comunicar com outras pessoas, pela presença cúmplice do espectador diante de suas estranhezas, de seus inacabamentos. (...) Janaina quer descobrir o que aconteceu mas não nos conta toda a história. Só sabemos de uma relação que parece, no fundo, uma grande paixão pela figura intrigante do pai. Essa paixão se parece com a paixão que a move a criar. Ela quer descobrir a verdade de sua busca obsessiva. Algo aconteceu mas não sabemos o que é. Nem o que a moveu a realizar a peça (foi a morte?), nem como era o pai: só há pistas que nos fazem imaginar. Animais, gorilas, um caminhoneiro, vídeos de pequenas situações em um jardim, uma cenário que vai sendo construído conforme a iluminação cênica vai entrando, uma caixa que não podemos abrir, conversas trocadas em papeizinhos que poderiam revelar muito dos fatos. As informações ausentes são tão sugestivas que poderíamos especular que a figura da mãe poderia gerar uma outra peça. Mas aconteceram coisas; acontecimentos, como situações inaugurais, transformam poeticamente a obra. Afinal, há uma arte com tesão pela vida."

Ana Goldenstein Carvalhaes, performer e autora do livro Persona Performática, Ed. Perspectiva, Revista Sala Preta

Ficha técnica:

 

CONCEPÇÃO E INTERPRETAÇÃO: Janaina Leite. 

TEXTO: Alexandre Dal Farra. 

DIREÇÃO E CENOGRAFIA: Janaina Leite e Alexandre Dal Farra. 

VÍDEOS: Bruno Jorge. 

ILUMINAÇÃO: Wagner Antônio. 

FIGURINO: Melina Schleder. 

DIREÇÃO DE PALCO: Michel Fogaça. 

DESIGN GRAFICO: Rodrigo Pereira. 

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Carla Estefan 

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Érika Fortunato

Galeria de Fotos:

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