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FESTA DE SEPARAÇÃO: UM DOCUMENTÁRIO CÊNICO

Estreou em Setembro de 2009 - Teatro Imprensa - Duração 60 minutos - São Paulo/SP 

Concepção, performance e músicas: Janaina Leite e Felipe Teixeira Pinto

Direção: Luiz Fernando Marques

Sinopse

Após a ruptura, um casal convida parentes e amigos para celebrar este momento de passagem através de verdadeiras festas de separação. A documentação audiovisiual desse acontecimento se desdobra numa experiência cênica que trânsita entre o pessoal e o impessoal, o teatro e o documentário. Concebido pela atriz Janaina Leite e pelo músico e filósofo Felipe Teixeira Pinto, “Festa de Separação: um documentário cênico” se debruça sobre o tema do amor contemporâneo e das práticas amorosas no século XXI partindo do término de seu relacionamento gerando uma dramaturgia heterogênea que mescla filosofia, literatura, escrita pessoal, projeções em vídeo e canções. Essa polifonia encontra na fragmentação e no trânsito entre diferentes linguagens a possibilidade de combinações inauditas que articuladas pelo jogo da cena colocam em questão o amor contemporâneo, as relações, os começos e os fins.

Integram o projeto o diretor Luiz Fernando Marques, o professor e pesquisador Júlio Groppa Aquino, como um provocador teórico e o cineasta e documentarista Evaldo Mocarzel como um colaborador na pesquisa audiovisual.

“Todos queremos, todos parecemos querer, pelo menos a classe média, a classe média para cima, e talvez não só, mas todos parecemos querer amores hollywoodianos. Nós não queremos amores simples, nós não queremos amores Atlântida, amores Vera Cruz. Nós exigimos amores hollywoodianos, intensíssimos, que nos arrebatem indiscriminadamente. Eu chego a entender isso como uma espécie de regime de verdade e que aponta para uma espécie de estatização do privado. Na medida em que a gente, em que todos nós passamos a querer a mesma coisa, nada de singular há nisso, não é? Então, isso remete a uma idéia pouco elegante mas que me parece correta: que nós estamos vivendo subjetividades de manada”.

Eu acho que a gente precisa se reapropriar, ou se quiserem, desapropriar as práticas amorosas que aí estão. Isso, na arena mesmo do nosso campo amoroso, essa arena de luta. Somos nós mesmos. Ninguém vai fazer isso por nós. Esqueçam os especialistas. A gente precisa desentranhar radicalmente esses ditames amorosos que se aparecem a nós dessa forma naturalizada, transtornar isso que nós vivemos no limite. Se existe a possibilidade de uma certa vida digna ela não está na nossa interioridade amorosa, ela está naquilo que fazemos. Por isso essa idéia tão bacana de arte como um modo de vida, do teatro como um modo de vida.”

(trecho de "Festa de separação", a partir de palestra do professor Júlio Groppa Aquino)

Histórico

"Festa de separação: um documentário cênico" teve sua estréia em 15 de setembro de 2009 e foi criado com o apoio do projeto Vitrine Cultural do Teatro Imprensa na cidade de São Paulo, que dentre mais de 400 inscritos, selecionou 12 espetáculos para cumprir temporada popular de três meses. O sucesso de crítica e público prolongou a temporada por sete meses em São Paulo e mais um mês no Sesc Copacabana no Rio de Janeiro. O espetáculo participou também do Festival Tempo (RJ), da Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa (Araraquara), do Festival Internacional da Bahia (FIAC), da Mostra de Expressões Contemporâneas (Brasília), da Mostra do Sesc Santo André,  Festival Cena de Teatro de São Caetano e Viagem Teatral do Sesi circulando por 17 cidades do interior de São Paulo. Com mais de 100 apresentações no currículo em quase 3 anos, os performers e ex-casal decidem não realizar mais o espetáculo que já a essa altura estava cada vez mais distante da vivência que o suscitou. Janaina e Fepa seguiram trabalhando juntos em outros projetos como o espetáculo/show "Baseado em fatos reais" com performance de Fepa e direção de Janaina Leite.

Críticas:

"O teatro na fronteira entre a vida e alguma outra coisa. Eis o espetáculo "Festa de Separação: Um Documentário Cênico", em que se confundem a realidade e a representação e resta algo indefinível. A própria classificação "espetáculo" talvez traia a intenção de seus criadores, que pretendem transformar o recém-vivido, no caso a separação de um casamento de sete anos, em relato documental.

Janaína Leite e Felipe Teixeira Pinto -ela, atriz; ele, músico e professor- propuseram-se a celebrar a ruptura com diversas festas em que elaboraram com amigos e familiares o acontecimento. (...) Como o espectador  deveria lidar com o fenômeno que se lhe dá a ver?

Ser cúmplice da ousadia do casal e identificar na coragem de seu ato um fato artístico relevante? Ou duvidar da autenticidade de seus propósitos, na medida em que estão repetindo duas vezes por semana, numa temporada teatral, o que se pretende um registro documental de um momento traumático?

O teatro não foi sempre a apresentação de algo distinto da vida que nos faz acreditar ser ela própria quem está ali diante de nós?

Só em provocar essas especulações a iniciativa já merece reconhecimento."

Luiz Fernando Ramos (em crítica para a Folha de São Paulo)


 

       "Festa de Separação" foi para mim uma aventura artística e existencial ao mesmo tempo perturbadora e renovadora, me fazendo vislumbrar muita coisa além do meu torpor umbilical e individualista, me fazendo repensar tantas e tantas coisas, às vezes com medo, às vezes com vontade de demolir tudo, em outros momentos não querendo me sentir um “impostor” nas minhas próprias relações, uma palavra que foi dita pela Janaína no “vídeo de separação” que ela fez com o Felipe na Europa e essa palavra ficou ecoando na minha cabeça, me assombrando desde então. Acho que toda arte tem de ser transformadora em primeiro lugar para a própria pessoa que faz e “Festa de Separação” deixou ressonâncias para sempre na minha vida como um todo. E o projeto é indefinível, inqualificável, um híbrido interessantíssimo de linguagens, uma mistura de documentário com encenação, ficção propriamente dita, performance e muita música; um “acontecimento” artístico, um “happening” cênico que gerou um documentário fílmico."

(trecho da carta de Evaldo Mocarzel enviada à Fernando Severo, montador do documentário "fílmico")

Ficha técnica:

 

CONCEPÇÃO, PERFORMANCE E MÚSICAS: Janaina Leite e Felipe Teixeira Pinto

DIREÇÃO: Luiz Fernando Marques

COLABORADOR TEÓRICA E TEXTUAL: Júlio Groppa Aquino

COLABORADOR AUDIOVISUAL E DOCUMENTÁRIO: Evaldo Mocarzel

CONSULTORIA VOCAL: Lú Horta

CONSULTORIA CORPORAL: Paulo Azevedo

FOTOGRAFIA E CÂMERA: Felipe Teixeira Pinto, Felipe Bentivegna, Danilo Dilletoso e Fabiano Pierri

EDIÇÃO: Felipe Teixeira Pinto e Danilo Dilletoso

DESIGN GRÁFICO: Oga Mendonça

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: todas as pessoas convidadas para as festas

Galeria de Fotos:

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