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STABAT MATER

Estreou  em Junho de 2019 -  CCSP  - São Paulo | 110 minutos 

Texto, direção e performance: Janaina Leite

Sinopse

O espetáculo é parte de uma pesquisa mais ampla de Janaina Leite sobre o real no teatro - agora sob a luz do obsceno. A partir do texto teórico Stabat Mater (em latim, estava a mãe), da filósofa e psicanalista Julia Kristeva, a artista e pesquisadora propõe o formato de uma palestra-performance sobre o feminino, remontando à história da Virgem Maria, ao mesmo tempo em que tenta dar conta do apagamento de sua mãe em sua peça anterior, Conversas com Meu Pai. Acompanhada por sua própria mãe e pela figura de Príapo, personagem para o qual buscou-se um ator pornô, ela articula de forma radical temas historicamente inconciliáveis como maternidade e sexualidade. Tendo o terror e a pornografia como bases estéticas, Leite investiga as origens de um arranjo histórico entre o feminino e o masculino, que o trabalho tenta desarmar não sem antes correr riscos e enfrentar os mecanismos de gozo e dor que fixam essas posições.

 

"O que importa é que tudo que eu venho fazendo desde então é a tentativa de produzir algo, uma espécie de ato psicomágico – uma ação real que produza consequências simbólicas ou uma ação simbólica que produza consequências reais, mas que devolva cada uma dessas figuras às suas devidas posições. Por hora, é suficiente dizer que não foi sem espanto que, ao percorrer de volta o labirinto minotáurico que foi o processo de Conversas com Meu Pai, eu me dei conta dessa espécie de ato falho. Me dei conta que na sombra dessa tragédia incestuosa onde protagonizavam, absolutos, pai e filha, ainda que denegada, foracluída, “a mãe lá estava” 

(trecho de Stabat Mater, por Janaina Leite)

Histórico

Stabat Mater realizou um ensaio aberto em março de 2019, convidado pela MITsp, dentro da plataforma MITbr – programa de internacionalização das artes cênicas brasileira.

Em seguida, o projeto é contemplado pela 5ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, onde recebe apoio para montagem da obra, estreia em junho de 2019 e realiza sua primeira temporada de 16 apresentações com grande repercussão de público e de crítica. 

Em seguida, realiza 12 apresentações no Teatro de Contêiner, em São Paulo.

Á convite da Secretaria de Cultura de São Paulo, apresenta-se no Teatro Cacilda Becker e no Centro Cultural da Diversidade.

Em 2020 o espetáculo é selecionado para a Plataforma Mitbr, da Mostra Internacional de São Paulo (Mitsp), e Janaina é selecionada como pesquisadora em foco, apresentando o espetáculo, realizando uma desmontagem ao vivo do espetáculo onde compartilhou conteúdos e trechos que fizeram parte da pesquisa do projeto e sua pesquisa foi tema disparador de diversas ações reflexivas. 

 

Prêmios:

Stabat Mater foi eleita a melhor estreia de 2019 pela equipe de críticos e críticas dos principais jornais/cadernos de cultura de SP, A Folha e o Estado de SãoPaulo. 

Foi indicado ao Prêmio APCA de melhor espetáculo de 2019

Foi vencedor do Prêmio Shell de melhor dramaturgia de 2019. 

Críticas:

"O procedimento arriscado de autoexame, espécie de vivissecção, des­loca os lugares imaginários e sociais da mulher, atravessados por ideais de maternidade, santidade e abnegação. O disfarce e o desmascaramento, a teatralidade e a performance, o encenado e o real, indiscerníveis, são pro­cedimentos que visam à profanação, que para Giorgio Agamben é a “tarefa política da geração que vem”. 

Silvia Fernandes, pesquisadora e crítica, Revista Sala Preta

“Na peça “Stabat Mater”, em cartaz até 11/12, Janaína Leite dá um passo a mais e encena, ao lado da própria mãe, seu encontro com o enigma do sexo. Auto ficção que vai ao limite, levada aos palcos com ousadia, revela que o susto no encontro com o sexo não se refere ao ato em si —banal e mecânico como a pornografia só faz comprovar—, mas ao reconhecimento da alteridade absoluta do desejo do outro. Como cada um de nós goza é enigma que vai conosco para o túmulo junto com o “cine privé” de nossas fantasias eróticas mal dissimuladas.” 

Vera Iaconelli, Psicanalista, escritora e colunista, “O encontro com o sexo, coluna na  Folha de SP de 26/11/2019

 "O que aqui se quer destacar na encenação, que parte, aliás, de um texto autoralíssimo, é o embate que a autora propõe, sistemática, paciente e generosamente entre realidade e representação. De extremos simplórios, como o efeito mais potente do falso tapa na cara, a epistemológicos, como do real intangível, ou do trauma inextinguível, há um honesto e diligente empenho em expor a história de uma exploração vertical sobre o ser e o parecer da verdade. Sim, talvez isso não seja mais o teatro em muitos sentidos, mas é subversivo principalmente porque mesmo despido de qualquer pudor pessoal ou artístico, consegue representar o irrepresentável que desafia."

Luis Fernando Ramos, crítico e pesquisador teatral, Revista Sala Preta |Vol.19|n.2|2019

 

  

Stabat Mater estabelece-se como um acontecimento cênico de extrema relevância pelo modo que articula forma e conteúdo. Ao partir de uma mitologia que instaura uma concepção imaculada como espécie de modelo impossível de ser seguido, que atrela feminilidade e maternidade à ausência de desejos do inconsciente, Leite escolhe acordar-se — e talvez acorde junto sua mãe — desta noite onde não se sonha. Assim, sua palestra performativa ganha os tons perturbadores do pesadelo como pulsões legítimas de vida, ainda que terríveis.

Amilton de Azevedo - crítico - Portal Ruína Acesa

 

A proposta de criação de uma cena de sexo explícito entre Janaina e um ator pornô endossa a evidente filiação de Stabat Mater com o teatro de Angélica Liddell. Tal como nas criações da multiartista catalã, a violência masculina contra as mulheres surge como tema e a forma performática convida a atriz a expor o corpo a situações-limite. A princípio, a proposição mira uma subversão de dois eixos: a vítima do estupro, o corpo antes supliciado, agora estará no controle. E a mãe, sempre silente, será instada a chocar-se, a mover-se.

Maria Eugênia de Menezes - crítica - Portal TeatroJornal

Ficha técnica:

 

CONCEPÇÃO, DIREÇÃO E DRAMATURGIA: Janaina Leite

PERFORMANCE: Janaina Leite, Amália Fontes Leite e Príapo

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS: Príapo amador (Lucas Asseituno) e Príapo profissional (Loupan)

DRAMATURGISMO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Lara Duarte e Ramilla Souza

COLABORAÇÃO DRAMATÚRGICA: Lillah Hallah

ASSISTÊNCIA GERAL: Luiza Moreira Salles

DIREÇÃO DE ARTE, CENÁRIO E FIGURINO: Melina Schleder

ILUMINAÇÃO: Paula Hemsi

VIDEOINSTALAÇÃO E EDIÇÃO: Laíza Dantas

SONOPLASTIA E OPERAÇÃO DE SOM E VÍDEO: Lana Scott

OPERAÇÃO DE LUZ: Maíra do Nascimento

PREPARAÇÃO VOCAL: Flavia Maria

PROVOCAÇÃO CÊNICA: Kenia Dias e Maria Amélia Farah

CONCEPÇÃO AUDIOVISUAL E ROTEIRO: Janaina Leite e Lillah Hallah

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Wilssa Esser

PARTICIPAÇÃO EM VÍDEO: Alex Ferraz, Hisak, Jota, Kaka Boy, Mike e Samuray Farias

IDENTIDADE VISUAL, PROJEÇÕES E MÍDIAS SOCIAIS: Juliana Piesco

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Frederico Paula - Nossa Senhora da Pauta

FOTOS E REGISTRO EM VÍDEO: André Cherri

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO: Carla Estefan 

DIFUSÃO INTERNACIONAL: Metropolitana Gestão Cultural

Galeria de Fotos:

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